quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O Espetacular Homem-Aranha - O Nascimento de Venom

Olá, Quadrinheiros !!!

E a sexta-feira começa com mais um post do véio rabugento ! ÊÊÊÊÊÊÊ !!!
Só que hoje não estou tão rabugento ! Ainda mais se tratando do amigo da vizinhança que nos fará companhia neste review que se segue !

Eu vou comentar aqui sobre o encadernado da Coleção Oficial de Graphic Novels da Salvat, intitulado O Espetacular Homem-Aranha - O Nascimento de Venom. Particularmente foi uma delícia reler isso, em formato grande, com papel decente... Mesmo sendo um resumo de toda a saga, está situada numa fase do Homem-Aranha que eu gostei muito de ter podido acompanhar. Uma fase em que as mudanças constantes no personagem estavam meio que começando... e o que foi bem legal, acabou virando carne de vaca nos anos seguintes, já que entra saga/sai saga a Marvel dá um jeito de dar reviravoltas na vida do teioso mais amado dos quadrinhos.
Falar de do cabeça de teia pra mim é como falar de um velho amigo. Sempre foi meu herói predileto e foi o primeiro com que tive contato. Acho que até já comentei em algum texto anterior sobre isso.

Este encadernado, de número 10, nos apresenta algumas edições de The Amazing Spider-Man (252, 256-259 e 300), além da edição 1 de Web of Spider-Man. E acho que eles foram felizes na escolha das edições, porque ficou com sentido. Claro que se você tiver como ler todas as edições entre a 252 e a 300, vai ter uma noção do que eu falo que era uma era mais deliciosa de argumentos... em que saia roteirista e entrava roteirista, e era mantido sempre uma sub-estória rondando a saga toda. O mais bonito disso tudo é perceber que havia uma genialidade ali, em engendrar por anos o surgimento de um novo vilão, que com esta profundidade toda, nasceu e se tornou um dos principais vilões das HQ´s dos tempos mais recentes, o ardiloso e venenoso Venom. E não apenas isso, a partir dele surgiram vários outros, sendo o principal deles o Carnificina. O único realmente digno de nota. Percebo que sempre que eles aprofundam o psicológico de um personagem, ele fica forte pros leitores. Se as motivações
forem loucas, mas bem fundamentadas, vamos amá-los do mesmo jeito. E neste encadernado temos o momento que o uniforme negro aparece na Terra, após vir de Guerras Secretas ( tem um post sobre esta mini-série bem aqui ) e os principais pontos em que foi percebido que ele não era o que aparentava, várias edições depois. O personagem Puma que aparece na HQ é um dos meus prediletos, depois acaba se tornando um aliado do Aranha, mas neste primeiro encontro, muito genial por sinal, temos toda uma preparação para entender um Meta-humano étnico, com raízes xamânicas e poderes e filosofia bem fundamentados com algo que eu sempre achei muito legal em quadrinhos: Honra.
Outra coisa que acho digno de nota é que foi durante este período que a Gata
Negra fez um acordo com o Rei do Crime e conseguiu seus poderes de causar azar em quem fosse atacá-la ( ok... nada original, mas poxa... que poder mais conveniente poderia ser dado a uma mulher que se veste de gato preto ? ) e isso não é mostrado, mas vemos as consequências disso, além de um momento de ciúmes muito legal. Além disso, tanta coisa acontecendo de fundo, numa cidade que passa por uma disputa no crime organizado, com um personagem que eu achava muito legal, que era o Rosa, além do Rei do Crime e Duende Macabro. Tanta coisa na cabeça e mais o problema com o uniforme. Classicamente uma aventura do nosso teioso, que já sabemos que desgraça nunca vem sozinha.
Então, vem a visita ao prédio do Quarteto Fantástico ( O grupo de Super-herois que eu acho mais digno e original do mundo Marvel ), e a descoberta do simbionte alienígena. CARA !!! Pense: não havia internet e não tinha onde ler spoilers de nada... aí, você vai na banca, compra a HQ e volta todo serelepe pra casa. Termina as tarefas da escola e deita na cama pra ler seu gibi e lá dentro, quando menos se espera, é revelado que após anos usando o uniforme negro, ele não é uniforme, é um alien predador, sugador de emoções, vivendo em simbiose com o pobre Peter Parker. Saca ? Imaginou isso ? Não era que nem hoje que quando acontece algo nas HQ´s tudo que é jornal e internet anunciam e você vai ler apenas pra constatar o que aconteceu e ver os detalhes. É, tipo... que nem você ver Guerra nas Estrelas em 1980 e descobrir que o Darth Vader é o pai do Luke Skywalker ! Tendeu ? Você pula da cadeira, cai da cama, solta um "Nãããããããããooooo acredito!". Pois é, rola uma emoção, que infelizmente, hoje com a internet e redes sociais, é muito dificil. E na boa, pode ser que você seja novinho e já tenha nascido após a internet dominar o mundo, e pode ser que não sabe como é legal ter surpresas assim na vida. Por isso que sou tão avesso a spoilers. Claro que a internet hoje em dia facilita muito a vida da gente... pra comprar revistas antigas e novas, pra especular o que presta e não presta, pra saber lançamentos e tudo o mais... na minha época, a gente só sabia ao chegar na banca, ou nas propagandas internas das próprias revistas. E, te juro, eram bons tempos pra se ler quadrinhos, talvez melhores do que hoje. ( Pronto, lá vou eu com nostalgia de novo... hehehe... desculpe, vou enxugar as lágrimas... ). Voltanto ao assunto:
Também é nesta edição que tem o clássico momento em que ele usa um
uniforme antigo do Quarteto Fantástico com um saco de papel na cabeça... e como se não bastasse, um papel que o Johnny Storm colou nas costas dele sem ele ver, escrito 'chute-me'. Hilário e inesquecível !
Depois a edição pula, vemos um dos momentos que está entre os meus prediletos, que é o passeio no Central Park do Peter com a MJ, logo depois que ela revela que sabe que ele é o Escalador de Paredes... aí, ela se abre e conta sua história. A arte de Ron Frenz nesta parte ( ASM 259 ) é uma das que eu mais me lembro quando fecho os olhos... adoro o movimento, os olhares, as pálpebras fechadas em que é possível sentir o pesar dos dois, as lembranças, a dor de lembrar pra compartilhar, o alívio dela ao final... Gosto muito deste tipo de arte, é uma imperfeição perfeita, sabe assim? Nossa, me emociono só em narrar isso. :) E no final da HQ nosso herói retoma o uniforme clássico pra nossa alegria e ainda mais pra enfrentar outro vilão muito bem feito, que é o Duente Macabro.
Depois, o uniforme ataca de novo, tenta retomar o Peter pra ele. Só que o Peter não quer mais nada e pra se livrar do simbionte, quase se mata. Ali acontece uma cena bonita, pois o uniforme salva sua vida de pois desaparece, dando a entender que não teríamos mais com que nos preocupar.
E só então aparece o Venom na páginas seguintes, no traço de um desenhista que eu particularmente não conhecia muito bem, e que depois acabei virando fã de carteirinha: Todd McFarlane. Acho que dispensa apresentações, né ? Só que nesta época ele era um iluste desconhecido que mudou o cabelo da Mary Jane e deixou ela gostosa linda bonita bem desenhada pra caramba ! Com um traço todo rabiscado e dando movimentos, expressões de olhos grandes, uma teia mais elaborada e posições de corpo bem aracnídeos pro Homem-Aranha, ele chegou arrebentando e deixando todo mundo de queixo caído. Cabe um fato curioso, que é o fato de que aquela língua gigante do Venom veio depois. No começo era só a boca com dentes brancos enormes, um sorriso de gelar o sangue e um jeito de se movimentar mais 'duro', desengonçado. 
Neste encadernado teremos 3 roteiristas que é Louise Simonson, David Michelinie e Tom deFalco, este último inclusive foi editor chefe na edição 300, que é de aniversário de 25 anos. Talvez pra garantir a linha de narrativa que ele iniciou láááá atrás. É muito perceptível a mudança de narrativa, do modo de escrever, mas o mais mágico é que mesmo assim, a linha que se segue na condução da história é a mesma, sem se perder. Nos desenhos temos o já citado Ron Frenz, Greg LaRocque e Todd McFarlane. Todos com seus estilos, e juro, não consigo dizer quem é melhor, porque é algo tão único e pessoal de cada desenhista que eu gosto demais de ver.
Bom, fico por aqui, acho que me extendi demais. Provavelmente me esqueci de citar algo, mas coloco depois nos comentários !
Se esta edição vale a pena ? CERTEZA ! Se é fã do Aranha e quer ler coisas boas e coesas dele, leia isso. O Aranha foi concebido pra aventuras pequenas... se colocar ele em coisas gigantes, ele fica perdido. Não foi feito pra um grupo, ele tem brilho próprio.

Que ele nunca vá pra um filme dos Vingadores !


Abraços do Quadrinheiro Véio !











6 comentários:

  1. Excelente matéria. Esse encadernado é mesmo ótimo. A primeira coisa que me veio a cabeça quando o peguei foi o quanto eu gostava da arte do Ron Frenz e puxei logo da memória o Superalmanaque Marvel 2, que é todo dedicado ao aranha nessa fase do uniforme negro também com arte do Frenz.
    Acho até que é nesse Superalmanaque que surge mais detalhes do poder "azarado" da Gata Negra. Apesar de estar meio batido hoje o estilo do Todd McFarlane, talvez até pela superesposição nos anos 90, as edições com arte dele eram aquisição obrigatória para mim, até hoje tenho muito do que foi lançado em formatinho pela editora Abril com a arte dele.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é... Realmente a arte dele fala sozinha, e não tem nada assim de chamar muita a atenção, mas é muito boa. E vc tem razão sobre o McFarlane, acho que a superesposição e um monte de gente copiando o estilo deixou hoje meio batido. Na época do começo dele foi sem dúvida, uma revolução... eu costumo até dizer que é como se fosse o marco do começo do fim dos bons argumentos e o início dos grandes desenhos... hehehe... Abraços !

      Excluir
  2. Cara, eu li pouca coisa do Cabeça de Teia. Nos anos 90 (mas precisamente 98, época do Massacre Marvel) eu até cheguei a comprar umas revistas, mas bem a vulso. Essa foi a primeira vez que eu peguei pra ler algo do Aranha com alguma sequencia e foi uma experiencia incrível. O roteiro é bem mais sério do que eu imaginava que fosse ser. Sempre tive a impressão de que o Homem-Aranha era um herói meio água com açúcar, mais voltado pra garotada. Depois dessa HQ eu mudei meu conceito (Não vejo a hora de relançarem "A Última Caçada de Kraven" pra continuar nessa pegada)

    É uma ótima leitura... Só fiquei meio puto de ter toda a tensão pra luta contra o Duende Macabro e na hora da luta, pularem! hahaha

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bruno, obrigado por dividir com a gente !
      Rapaz, A última caçada de Kraven é algo que você tem que ler mesmo. Tem até um post aqui no blog sobre ela, aqui: http://oquadrinheiroveio.blogspot.com.br/2014/05/o-espetacular-homem-aranha-ultima.html
      Realmente o Aranha tem muitas histórias mais profundas e boas, e todas desta época. O lance é que quando começaram a misturar ele com outros heróis mais poderosos e 'importantes', ele acabou ficando retraído... mas vale muito a pena ler tudo que veio antes dos anos 2000.
      E se tiver como encontrar o duelo com o Duende... veja... aliás, todos os duelos com os Duendes Macabros desta época são excepcionais... a época do Ned Leeds é inesquecível !
      Abração !

      Excluir
  3. Ola Amigos!! Fala quadrinheiro!!!
    Então, essa eu não comprei...justamente pela edição absurda (é muito material que ficou de fora)! Não li, e não sei como ficou o resultado (embora eu acredite na coerência defendida por você meu amigo), mas acho um desacerto (não quero dizer erro pois o Aranha sempre será o Aranha!!rsrs) editar tanto esta fase tão boa do escalador, para colocar zumbis e tanto material meia boca do capitão américa, por exemplo. O amigo citou superalmanaque marvel 2...eita saudade!! Li e reli inúmeras vezes!!! 260 paginas era um absurdo inimaginável!! Você citou Ned leeds, cara e a morte dele...que história dramática...Peter na Alemanha dividida, o confronto com wolverine ao lado do muro de berlim...todo aquele clima depresivo...eita roteiro bom!! Argumentos bons, desenhos bons...que saudade...que saudade. Essa versão do venom do McFalane é minha favorita, depois o Erik Larsen começou a exagerar na boca, tamanho e todo mundo acompanhou a moda...hoje é um troglodita gigantesco sem o menor apelo de outrora. Essas edições clássicas sempre são problemáticas de ser ler, pois aumenta muito o nosso senso crítico e chega dar vontade de parar novamente quando agente olha para os "clássicos modernos"...fala sério...também não gosto do aranha nos vingadores, não gosto do aranha no espaço, não gosto de clone do aranha (embora o visual do aranha escarlate fosse legal), não gosto que tirem o Aranha de NY... Poxa, o negócio é patrulhar as ruas, combater o Rei, enfrentar a guerra de gangues, esmurrar o Justiceiro, passar aperto com Norman Osborn e a identidade secreta, chorar no velório da Gwen...enfim, ser o Aranha que amamos!! É isso!
    Forte abraço meu amigo!!
    E que os bons tempos retornem.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Vagner. VocÊ tem razão quando diz sobre o que ficou de fora. Realmente, ficou MUITA coisa de fora ! E outra coisa que concordo com você, a diferença dos roteiros é muito grande !! Hoje ainda tá pra aparecer algo assim. Acho que HQ sempre precisou vender, claro. Mas percebo que havia uma preocupação maior com a história e com fazer aquela história vender. Hoje, percebo que a motivação maior é somente vender. Aí, não tem mais aquela preocupação com as histórias normais. Parece que toda revista lançada hoje PRECISA ser um super acontecimento. Antigamente as grandes sagas demoravam anos pra acontecer, nos dias de hoje, acontece uma atrás da outra, sem ter tempo pro herói ser só um herói. E é isso que é uma das coisas que eu acho lamentávelmente triste...
      Como sempre, seus comentários enriquecem este blog !
      Abraços e obrigado !

      Excluir