sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Thunderbolts - Fé em Monstros

E aí, amigos Quadrinheiros.

Esta semana passou rápido e só agora consegui sentar pra escrever sobre mais um post, que no caso é sobre a edição número 57 da coleção oficial de graphic novels da Salvat, Thuderbolts - Fé em Monstros, que reúne as edições 110-115 da revista Thunderbolts americana, do ano de 2006.
Os eventos deste período se passam após a Guerra Civil, num momento que aparentemente os heróis haviam perdido o prestígio junto as pessoas normais e o governo resolveu unir uma equipe de vilões, dando um jeito de obrigá-los a trabalhar pra eles, prometendo uma recompensa após um período de tempo. A equipe liderada pelo ex-Duende Verde, Norman Osborn reunia vilões, alguns meio loucos, outros mais sãos, que deveriam fazer o trabalho de heróis em frente das câmeras pra trazer publicidade positiva para o governo após o desastre e destruição que ocorreram em Guerra Civil. ( Tá vendo ? O desastre que foi o arco Guerra Civil não ficou só aqui fora... lá no universo Marvel também foi destruidor... rs...
Ok, a idéia não é muito ruim... mas a execução... hummmm... ( onomatopéia da minha pessoa torcendo o nariz... rs... ). Sei que um monte de gente gostou desta HQ, mas eu realmente não gostei. E com todo respeito a quem gostou, vou falar sobre o que eu senti e percebi ao ler este encadernado, ok?
Pra variar, juntar um arco de histórias em uma edição encadernada não é uma boa idéia ( salvo raras excessões ) e esta história, pra mim, ficou muito cansativa, enrolada, desnecessária.
O roteiro de Warren Ellis é esticado, cheio de dramas, o que faz a gente ficar torcendo pra dois momentos da revista, que é quando aparece o Norman Osborn ( que parece que um parafuso se solta toda vez que se referem a qualquer coisa-aranha perto dele ) e o Mercenário, que é um vilão que eu adoro muito. Eu me amarro em vilão louco. ( Preciso ver com a minha terapeuta sobre isso... hahahaha ). Sério, vilões loucos, que mantam porque gostam de matar, são o máximo. Não tem nada que você possa dar a ele, não é ? Muito show ! Acho que o Ellis acertou mais em Extremis.
Outra coisa que não curti foi o traço do Mike Deodato Jr. Aliás, nunca curti o traço dele... Tipo,

ok. Não é que eu nunca curti, é que eu não vejo nada demais. Acho que as pessoas dele são artificiais demais. A única coisa que eu gostei mesmo é ele colocar uma participação do Jô Soares. Isso foi divertido e deve ter sido coisa dele, né ?

Uma coisa que eu achei legal é o Ollie Osnick aparecer, o Aranha de Aço. A última vez que eu vi uma história dele ele era um adolescente gordinho que era fã do Dr. Octopus e virou fã do Aranha após ter sido salvo por ele... uma história que ele e o Homem Sapo (?) se unem para ajudar o homem aranha... ele até usava óculos por cima da mascara... hahahaha... hilário... e eu não sabia que ele tinha crescido e continuado a ser um herói depois daquilo. Foi uma recordação bacana.
Uma outra coisa que eu não entendi é qual é a deste novo Venom. Ele cresce quando fica nervoso ? Quando foi que o Eddie Brock deixou de ser o hospedeiro do uniforme negro ? Eu fiquei tanto tempo longe que não vi nada destas mudanças... e até onde eu percebi, perdi muito pouco nestes últimos 14 anos longe das HQ´s. Também não curti o novo visual do simbionte alienígena... e aqueles olhos no meio dos olhos... achei muito esquisito... mas, sei lá... como sempre falo, devo estar cada dia mais me tornando um véio ranzinza...
O que salva a edição, por incrível que pareça, é o capítulo bônus no final, com o recrutamento do Venom. Mais poderoso do que me lembro quando era o Eddie, já que o Gargan é muito mais louco também.
Bom, se você está fazendo esta coleção, compre. Se quer não está, eu achei dispensável. Mas aí, é com você !

Abraços do Quadrinheiro Véio !





No novo blog: http://oquadrinheiroveio.com.br/

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Batman - Silêncio

Olá, Quadrinheiros !
A vida continua !

No post de hoje falarei sobre esta saga que é um grande momento do homem morcego: Batman - Silencio ( Hush ). Esta saga originalmente publicada em 2002/03, em Batman 608 até 618 tem uma pegada sensacional. E sendo o Batman um dos grandes personagens da DC, esta saga define e homenageia ele de muitas formas, seja ao usar vários dos inimigos dele, seja ao colocá-lo como o grande detetive que é, seus dramas, personalidade e pensamentos... e com um extra: mais uma pequena surra dele no Super-homem !! Não que eu não gosto de azulão, eu gosto... mas é legal ver o Batman bater no Super... muito legal. E uma coisa que mostra
bastante nesta HQ é que o esforço do Bruce pra manter seu foco é quase hercúleo. Ele só não é um louco por muito pouco... não pode se desviar nem um minuto, porque a depressão e culpa que ele sente são enormes, deixando-o numa linha bem fina entre a loucura e a paranoia e a sensatez. Também é possível perceber o nível de narcisismo que ele tem, por se achar responsável por tudo... mesmo quando as vezes a lucidez bate e ele percebe que não é bem assim, que todos tem escolhas, independente dos atos dele mesmo. 
Em Hush somos introduzidos a um novo vilão, conhecido como Silêncio. Interessante perceber que este apelido é dado a ele pelos outros vilões. Ele mesmo não se auto denomina desta forma. Uma coisa legal de ler um encadernado ( como foi o meu caso, já que li as edições 1 e 2 da nova coleção de graphic novels da DC, lançada ainda em fase de testes pela Eaglemoss ) é que não temos que ficar um ano na angustia. Por outro lado, não temos tempo de ficar realmente angustiados por um período longo, consumindo muito rápido uma história que eu amaria ter degustado na época dela e no tempo dela. A angustia de não saber quem está por trás, mas com tudo tão bem amarrado, é uma dor gostosa de sentir. É muito legal a gente ficar tentando investigar junto com o maior detetive do mundo e, uma coisa mais legal ainda é quando você começa a deduzir tudo antes do próprio personagem e começa a torcer por ele. Quadrinhos tem que emocionar, sempre menciono isso, e em Silêncio, a gente é pego em diálogo interno e em conflito de sentimentos o tempo todo.

O fator psicológico envolvido em HQ´s do Batman são, para minha pessoa, o maior atrativo. Adoro os diálogos internos, os pensamentos, a forma como ele se move interiormente. A neurose dele beira a psicose e isso deixa ele muito apaixonante. Em "Silêncio" ele não chega perto de enlouquecer como na "Queda do Morcego" mas só porque o vilão não desejava isso. O vilão, louco demais também, queria apenas mostrar que era superior e ao final se mostrou um psicopata muito bem construído. De forma muito inteligente, Jeph Loeb amarra a saga do começo ao final e as
lembranças do passado vão dando pistas o tempo todo até o final. Aliás, acho que o final poderia ser um 'pouquinho' melhor, mas mesmo assim, a saga inteira é ótima. O envolvimento de quase todos os personagens da 'familia morcego', até mesmo a Caçadora, é algo gostoso de ler. Sou muito fã da fase do Neal Adams no cruzado emcapuzado, pelo fator detetivesco e Loeb traz isso de volta muito bem. As mudanças nos vilões de poio são ótimas, bem como suas motivações muito bem definidas. A obstinação do Batman em resolver o caso ficando dias sem dormir é muito bem pensado, deixa o personagem descuidado e isso voga em favor da história. A forma com que as amizades são exploradas também é muito legal. Se uma pessoa conhece pouco da história do Batman, ao ler Silêncio, consegue ficar a par de muitas passagens importantes na vida dele porque muito é citado e considerado para elevar o nível do conflito interno do Bruce Wayne.

E nos desenhos, o grande Jim Lee, pra mim um dos grandes desenhistas que revolucionou os anos 90, junto com Todd Mc Farlane e alguns outros. E com o traço mais amadurecido sem perder a personalidade de suas achuras. Lee tem uma pegada que definiu o estilo de muitos desenhistas, mas ele tem uma vantagem que poucos puderam seguir: Seus quadros de movimento e ele não 'posteriza' o tempo todo. Odeio esta mania de alguns desenhistas de fazer uma capa por quadrinho ( hehehe ), acho tão forçado e narcisista... mas o Jim Lee não. Ele empolga. Só gostaria que ele colocasse orelhas maiores no morcego... hehehe...  Ao menos o Batman dele, mesmo bem escuro, é azul e cinza. Não curto muito o Batman de preto. ( véio é fogo !! ) E se precisa de mais motivos para ler esta edição, te dou dois: Mulher-gato e Hera Venenosa. Elas estão ótimas e não apenas no visual. Prefiro a Hera de cabelo liso, mas o cabelo crespo dela nesta história também ficou muito bom. E já ia
me esquecendo, uma das características mais importantes do Jim Lee são os olhos. Passe um tempo só prestando atenção nos olhares que ele desenha. Os olhos são personagens a parte. Se ele desenhasse um quadrinho mudo, só pelos olhos entenderíamos todo um diálogo. Acho isso ótimo nele. É um dos poucos desenhistas pós anos 90 que eu digo que gosto, porque sou fã demais dos desenhistas dos anos 70 e 80. Adoro os Romitas, Byrne e Frank Miller. Gosto muito mesmo. E Jim Lee está num patamar que poucos dos anos atuais tem.

Bom, é isso... Silêncio impressiona, resgata e emociona. Simples assim. Não está entre as maiores histórias do Morcegão, mas fica muito perto !

Abraços do Quadrinheiro Véio.





sábado, 25 de outubro de 2014

Os Livros do Destino

" Nunca mais olhos mortais vislumbrarão Victor Von Doom. Deste momento em diante, há somente o que me tornei... há apenas o Doutor Destino !"

Hoje falarei sobre Os Livros do Destino, uma publicação que eu gostei muito. Este encadernado que eu li, publicado pela Panini Books aqui no Brasil, reune a mini-série The books of Doom 1-6 lançado em 2006 nos EUA. E já posso te adiantar que gostei bastante do que eu li.
Como deve ter notado no post anterior, eu não costumo gostar muito de biografias que humanizam o personagem. Esta é uma exceção porque a origem do Doutor Destino sempre foi contada desta forma, porém esta versão dá uma aprofundada a mais e acho que, neste caso, é isso que deixou o argumento/roteiro muito bons.
Os livros do Destino são uma narrativa auto biográfica que o vilão faz durante as 6 edições encadernadas neste capa-dura e contam toda a história do tirano lativeriano desde seu nascimento até a tomada de poder de seu país natal, apenas alterando um ou outro fato conhecido ( como ter sido colega de quarto do Reed Richards do Quarteto Fantástico, por exemplo ), mas sendo justificado em seguida. E
eu adoro os vilões. Acho eles o máximo. Não se comparam aos heróis perfeitinhos. Talvez por este motivo que em meados dos anos 80 os anti-herois começaram a fazer sucesso. Acho que foi cansando dos heróis 100% corretos e tornando-os mais humanos e falhos. Acho que todo mundo concorda que o que fazia o Batman ser legal eram seus vilões, não é ? O que seria do Batman sem o Coringa ? Do Luke Skywalker sem o Darth Vader ? Ou mesmo Seyia sem o Saga ? rs...
Os vilões tem uma característica tão mais humana... e embora nos inspiremos nos heróis, nos identificamos com os vilões. Não foi o Harvey Dent quem disse que "Ou você morre herói, ou vive suficiente para ver você mesmo se tornar um vilão ?". Pois então.
Algumas coisas curiosas nesta edição é ver como
Victor era arrogante desde criança. Sempre sendo super dotado, e talvez por ser filho de uma 'bruxa' cigana ( que ele nunca leia isso...hehehe ), ele sempre foi diferente das outras pessoas. E isso é mostrado bem detalhadamente no livro. Fora que podemos seguir todo o pensamento dele, sua psique, sua condução com mão de ferro.Uma linguagem arrogante e convencida, mesmo quando está deprimido. Todo seu amor pela mãe culmina em sua primeira incursão ao mundo inferior, enfrentando um demônio vermelho ( que nesta série não é nomeado como Mefisto, mas somente como o demônio ) e com isso, após levar uma surra, seu rosto fica marcado, não pela explosão da máquina, mas sim pelo toque deste demonio. Aliás, dentre as mudanças que foram feitas, esta é uma que eu achei bem interessante. Sempre nos foi dito que a máquina havia falhado, que ele habitou o mesmo dormitório que o Reed e que ele apenas estudou nos EUA. Mas esta série mostra que ele
mal falava com o Dr. Richards e ainda trabalhou para o Governo Americano, que era quem bancava os estudos dele em troca de seu talento com engenharia e magia. Tudo nos leva a entender que a história se passa durante a guerra fria, uma época que eu acho muito rica pra se escrever algo político como é o fundo desta história. Claro que é preciso lembrar que quem conta a história é o próprio Dr. Destino e por este motivo, algumas coisas ele pode ter distorcido durante a narrativa, já que embora ele seja um altivo tirano, ele também é bem orgulhoso e tem a visão distorcida de um conquistador, que justifica seus
atos violentos como se fossem necessários para o 'bem maior'. E cabe uma notinha curiosa, de que nesta edição ele não conclui a formação, e para ser um "doutor", ele se auto-denomina após ver uma entrevista com o Reed Richards na TV. Um louco de pedra, mas um super louco de pedra. Ele não se considera um herói e nem um vilão. Ele é apenas o Dr. Destino e isso pra ele basta. Um homem que se considera acima do bem e do mal e onde tudo que ele fala e pensa não deve ser contestado por seres inferiores ( no caso, todo o resto do mundo ) É ou não uma figura magnífica ?

O roteiro é de Ed Brubaker que demonstra um domínio sobre a narrativa biográfica como poucos, a meu ver. O cuidado com a escolha das palavras é muito legal. Aliás, parabéns para a tradução, já que a dupla soube manter a característica arrogante e o palavreado erudito do personagem de forma muito bem feita. Ed nos dá uma história muito bem conduzida, lembrando muito o final dos anos 80, com muito texto, muito pensamento. E o melhor, não cansa ler tudo, porque é tudo relevante. Imagine que você lê 6 edições e não percebe que o roteiro é muito objetivo, mostra um monte de coisas de forma resumida e ainda assim aprofunda na psique de Victor Von Doom. Não sei se fui muito claro, mas é tipo isso.
Os desenhos são do argentino Pablo Raimondi, que eu particularmente não conhecia. E o cara é bom. Não é o melhor, o maior destaque e etc... mas o cara é bom. Bom na narrativa, no enquadramento, na definição emocional. Não impressiona, mas pra uma biografia, ele resolve muito bem. É um desenhista que, ao menos nesta mini-série, faz o básico bem feito, sabe assim ? Não percebi nenhuma genialidade, nenhuma conjectura ou mesmo referencias externas ou cuidado com uso de cores que fosse digno de nota. É um traço e cores que servem pra contar uma história que é brilhante pelo seu roteiro e não precisa de um suporte de imagem forte. Se fosse um conto apenas escrito já seria ótimo. Sendo HQ, ficou melhor ainda.
Acho que se você curte biografias de personagens, vale muito a leitura. E eu como um grande fã da personalidade do Doutor Destino, não poderia ficar sem ler. E ainda bem que li, pois gostei muito, me diverti e emocionei. E o melhor, sem humanizarem demais o personagem.

Abraços do Quadrinheiro Véio !

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Doutor Octopus - Origem

E aí, amigos Quadrinheiros !

Este post deve ser um pouco mais curto, já que, embora eu tenha gostado deste encadernado, não vi tantas coisas a comentar, mas acho que algumas coisas são bem relevantes.
Hoje falarei sobre Doutor Octopus - Origem, um volume lançado pela Panini Books que reune as edições 1-5 da mini-série Spider-Man - Doctor Octopus: Year One.
Como já mencionei no meu post sobre o Caveira Vermelha (aqui), não sou o maior fã de histórias que visam humanizar os personagens. Acho que isso tira um pouco o brilho e a simplicidade de vários heróis e vilões, tira um pouco do 'romance', deixando apenas um ar de realidade não-realista, saca ? É como querer tornar complexo e realista algo que foi criado pra ser apenas uma história fantasiosa. Nesta publicação, que pelo que soube não é canônica, vemos a origem da loucura do Octopus desde de a infância. Mais uma vez, talvez baseados em teorias psicológicas, temos uma humanização desnecessária de um vilão, como se toda pessoa pra ser 'má' precisasse ter tido uma infância ou passado traumáticos. Pode até ser que no mundo real seja assim, mas nas HQ´s isso nunca foi necessário. Por isso que sempre reclamo sobre a humanização de alguns personagens.

Deixando isso claro, vamos a parte legal do encadernado que é justamente o nível de profundidade que o autor conseguiu chegar. Pode parecer contraditório, e realmente é. E eu explico: Não acho bacana quando a intenção é humanizar o personagem. Ponto. Mas gosto de um roteiro muito bem pesquisado, cuidadosamente escrito e com textos bem engendrados. E acho que foi bem este o caso nesta edição.
O roteiro de Zeb Wells tem uma forma arrepiante de mostrar a loucura. E é de uma inteligencia tamanha que ele usa referencias dos mais diversos campos do conhecimento humano, tais como arte, psicologia, psicanálise e ciência. Quando ouvimos o Dr. Otto Octavius falando ( na nossa cabeça não lemos os balões, nós ouvimos... com voz e tudo... somos todos loucos, nem vem, assume aí !!! ) nós acreditamos no que ele está falando. A escalada da loucura dele é palpável, é um psicoticozinho desde criancinha, com uma mente perturbada,
porém de inteligência magnífica pra ciência. A ascensão do personagem, a condução das palavras e frases, a escolha erudita dos termos para mostrar a arrogância e genialidade do Otto são muito bem pensadas e faz a gente ficar mais e mais inserido na história. E os desenhos dão o suporte perfeito. Tudo preto, tudo é escuro, tudo é noite, inconsciente puro... A arte de Kaare Andrews com as cores de José Vilarrubia impressionam por dar suporte a narrativa. Não é como um Alex Ross que as pinturas falam sozinhas, mas a narrativa pede aquele tipo de traço e cor e é o que foi colocado. A preocupação com os óculos do Doc Oc, que são uma assinatura dele, estão lá desde sempre e a evolução e criação dos tentáculos é feita de forma gradual e posteriormente explicado como funcionam fundidos a sua espinha. Aquela postura de doutor, erudito, fiel a ciência. Uma postura de que a ciência
é o grande deus dos homens, uma arrogância sem limites, bem tipica do personagem é mostrado o tempo todo. Podemos perceber uma condução obscura apoiada em desenhos destituidos de aura quente.... traços e cores frias o tempo todo. Em alguns momentos me lembrei muito do trabalho do Greg Capullo no Spawn, pelos rostos no escuro, os dentes enormes e expressivos. Muita imagem de reflexo em lentes, vidros.. tudo com peso de condução de narrativa, pensamentos e sentimentos. Gostoso de ler, até mesmo porque nos deixa bem
pensativos e introspectivos, fragilizados por estar invadindo a psique de um homem louco. E tudo isso para revelar que aquele monstro é apenas uma criança que tem medo do bulling. Então me divido aqui. Entre uma narrativa e arte muito bem feitas, que causam uma desconstrução de um personagem que sempre foi um vilão mau magnífico, reduzido a uma pessoa com uma fixação na infância. Acho que tira grande parte do brilho do personagem. Mas a obra merece ser lida.


Recomendo a leitura pelos fãs do aracnídeo. Mas vão de mente aberta, curtam a história considerando que a mesma foi feita baseada nos personagens, mas que não é canônica. Curta as referencias ao universo Marvel, mas como um personagem que não é o doutor Octopus, talvez em uma realidade paralela... hehehe...

Abraços do Quadrinheiro Véio !


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Lanterna Verde - A Guerra dos Anéis ( 1 de 2 )

Olá amigos Quadrinheiros.



Começo agradecendo ao apoio de vocês, é sempre muito bom saber que tenho bons amigos que gostam do mesmo que eu.

Hoje comento sobre a famosa Guerra dos Anéis, que está em um encadernado em duas partes e pode ser encontrado nas bancas, pela Panini Books. Esta é a primeira parte e eu como sou um fã muito grande do Lanterna Verde Hal Jordan desde criança ( adoro a edição Superamigos 15, que tem uma capa sensacional ) eu não pude deixar de pegar pra ler, já que fiquei afastado das HQ´s nos últimos 15 anos e retomei este ano. Antes de eu ler eu estava morrendo de medo. Este lance de inventarem tropas de tudo que é cor me irritou muito. Acompanhei meio por cima, mas achei uma zona, e por isso eu estava bem resistente a pegar esta edição em particular pra ler. Só que eu gosto demais do Lanterna Verde e acabei cedendo. Ainda bem. Me surpreendi positivamente. Sensacional !

Pra quem não sabe, a saga 'A Guerra dos Anéis',
conta basicamente o surgimento da Tropa Sinestro, publicada originalmente em 2007. Mostra como Sinestro começou a juntar os mais perigosos vilões do universo, principalmente os que são capazes de instilar grande medo. Até o Batman foi 'tentado', mas como sabemos, a força de vontade dele é uma das mais absolutas do nosso planeta, né... hehehe... 
É durante esta saga que foi revelado que assim como o Parallax era a entidade do medo no universo, Ion é o nome da entidade da força de vontade. Isso acabou se tornando uma zona depois, quando expandiram pras outras cores. Voltando uns bons anos antes, se você se lembrar bem, após enlouquecerem o maior dos Lanternas Verdes, pra trazer ele de volta inventaram que Hal Jordan havia sido dominado por uma entidade que incorporava o medo de todo universo, e que a origem da fraqueza dos anéis verdes à cor amarela era pelo fato desta entidade estar sendo mantida presa dentro da bateria. Como podem ser tão criativos estes roteiristas, não ? rs... Bom, aí pra poder justificar a bela bagunça que fizeram com o Hal, disseram que ele estava possuído por esta entidade, de nome Parallax. ( Paralaxe é uma diferença na posição de um corpo devido a esse ser visto de duas posições diferentes. Ou seja, não tem nada a ver com uma entidade do medo, mas tem muito a ver com a mudança do Jordan, o que faz a gente perceber que a entidade foi idealizada bem depois do Hal ficar mauzão e matar uma porrada de gente... ).
Assim, conseguiram tirar a entidade que possuía o Hal Jordan e aprisionar ela nas ciencelas dos Guardiões. Na Guerra dos Anéis esta entidade é resgatada pela tropa Sinestro e é colocada dentro do Kyle Rayner, que fica com um visual irado, uma mescla do Hal Parallax com o uniforme original do Kyle. Interessante é que só neste momento ele fica sabendo que era hospedeiro da entidade da força de vontade. Muito criativo, muito louco e embora revolucionário deu uma super agitada no universo da policia verdinha e ainda lançou um monte de personagens novos, e alguns não tão novos foram trazidos de volta, como o Super-ciborgue, o Superboy Prime e um dos vilões que mais me impressionaram na infância: O Anti-monitor ! É uma delicia ter este cara de volta, mal posso esperar pra ler a continuação ! ( viu Panini ? hehehe )

Como sempre faço questão de mencionar, uma das coisas mais importantes em uma HQ não é somente a história, ou a base, mas sim como ela é contada. E toda história precisa emocionar. Esta faz isso muito bem. É uma história sobre medo, e a gente fica desesperado a edição toda, já que os verdinhos apanham feio, são mortos feito moscas e alguns tabus milenares são quebrados. Pensa que legal, a base de poder dos vilões é o medo e você sente isso o tempo todo ao ler o livro. Inclusive ao perceber o medo que os próprios Guardiões transmitem... e pra variar, como em todas as histórias dos LV, eles estão sempre enganados. Não entendo como conseguiram ser os Guardiões. Aliás, tem um momento que o Hal os define direitinho: Eles nunca voaram, mas querem comandar como os pilotos devem voar... bem inteligente. Fora os diálogos entre Guy Gardner, Hal e John Stuart, sobre coisas das épocas anteriores... para deleite dos velhinhos como eu. E tem uma parte adorável, embora seja apelativa e seja exatamente o que os amarelos querem: Os guardiões tiram a limitação de usar 'força letal' com os anéis. Ou seja, agora eles podem matar. Acho que não perceberam o quanto isso, embora aparente necessário, os torna tão 'maus' quanto os inimigos que eles querem derrotar.
Parabéns ao Geoff Johns e ao Dave Gibbons pela condução de uma história
que nenhum fã da Tropa pode reclamar. E olha que sou um saudosista do uniforme azul clássico do Sinestro. Tem 4 desenhistas assinando este livro, entre eles o brasileiro Ivan Reis. A semelhança dos traços é tão grande que a gente nem percebe que mudou de desenhista. A HQ é muito bem desenhada, com destaque para as páginas inteiras e duplas que dão uma dimensão enorme do problema que a galerinha do anel verde vai enfrentar. Arrisco-me a dizer que esta saga é um grande clássico e que lamento muito terem inventado este lance de várias tropas após o sucesso desta saga. Podiam ficar só nestas duas e pronto. Mas como o que manda é o dinheiro, a editora precisa ficar inovando sempre. E como sempre acabo dizendo por aqui, deixei de ser o publico alvo das editoras de heróis a alguns anos, porque não é possível que novos 52 possa ser considerado algo bom por qualquer leitor dos anos 80/90, que tenha vivido esta época e não apenas lido depois. Aliás, digo pra vocês uma coisa com convicção: Ler na época de lançamento é essencial para sentir tudo o que a HQ propõe. Teve um post que vi recentemente de uma pessoa que leu Guerras Secretas da Marvel a poucos dias e que não achou nada demais. E ele tem razão, só tendo lido naquela época pra entender e sentir de verdade. Se você não souber se deslocar praquela época, infelizmente não conseguirá sentir nem esta e nem várias outras HQ´s poderosas dos anos 80. ( Claro que tem edições atemporais que podemos ler hoje e ver como são fodas... são as excessões que confirmam a regra, mas são poucas. )

E se me permitirem uma dica, prestem atenção em toda simbologia presente neste livro. Não falo dos símbolos do peito dos personagens, mas dos símbolos das cores, dos rótulos, dos posicionamentos de cada um, de suas motivações. É muito legal e bem pensado. HQ é sobre simbolo. Sem isso, não temos como nos identificar e nos inspirar com o que nos é apresentado, com nos aventurarmos fora do corpo, como se estivéssemos escondidos atrás de uma pedra no meio de uma batalha.

Recomendo a leitura, principalmente se você é fã do Lanterna Verde.
Mal posso esperar pela segunda parte !

Abraços do Quadrinheiro Véio !






quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O Espetacular Homem-Aranha - O Nascimento de Venom

Olá, Quadrinheiros !!!

E a sexta-feira começa com mais um post do véio rabugento ! ÊÊÊÊÊÊÊ !!!
Só que hoje não estou tão rabugento ! Ainda mais se tratando do amigo da vizinhança que nos fará companhia neste review que se segue !

Eu vou comentar aqui sobre o encadernado da Coleção Oficial de Graphic Novels da Salvat, intitulado O Espetacular Homem-Aranha - O Nascimento de Venom. Particularmente foi uma delícia reler isso, em formato grande, com papel decente... Mesmo sendo um resumo de toda a saga, está situada numa fase do Homem-Aranha que eu gostei muito de ter podido acompanhar. Uma fase em que as mudanças constantes no personagem estavam meio que começando... e o que foi bem legal, acabou virando carne de vaca nos anos seguintes, já que entra saga/sai saga a Marvel dá um jeito de dar reviravoltas na vida do teioso mais amado dos quadrinhos.
Falar de do cabeça de teia pra mim é como falar de um velho amigo. Sempre foi meu herói predileto e foi o primeiro com que tive contato. Acho que até já comentei em algum texto anterior sobre isso.

Este encadernado, de número 10, nos apresenta algumas edições de The Amazing Spider-Man (252, 256-259 e 300), além da edição 1 de Web of Spider-Man. E acho que eles foram felizes na escolha das edições, porque ficou com sentido. Claro que se você tiver como ler todas as edições entre a 252 e a 300, vai ter uma noção do que eu falo que era uma era mais deliciosa de argumentos... em que saia roteirista e entrava roteirista, e era mantido sempre uma sub-estória rondando a saga toda. O mais bonito disso tudo é perceber que havia uma genialidade ali, em engendrar por anos o surgimento de um novo vilão, que com esta profundidade toda, nasceu e se tornou um dos principais vilões das HQ´s dos tempos mais recentes, o ardiloso e venenoso Venom. E não apenas isso, a partir dele surgiram vários outros, sendo o principal deles o Carnificina. O único realmente digno de nota. Percebo que sempre que eles aprofundam o psicológico de um personagem, ele fica forte pros leitores. Se as motivações
forem loucas, mas bem fundamentadas, vamos amá-los do mesmo jeito. E neste encadernado temos o momento que o uniforme negro aparece na Terra, após vir de Guerras Secretas ( tem um post sobre esta mini-série bem aqui ) e os principais pontos em que foi percebido que ele não era o que aparentava, várias edições depois. O personagem Puma que aparece na HQ é um dos meus prediletos, depois acaba se tornando um aliado do Aranha, mas neste primeiro encontro, muito genial por sinal, temos toda uma preparação para entender um Meta-humano étnico, com raízes xamânicas e poderes e filosofia bem fundamentados com algo que eu sempre achei muito legal em quadrinhos: Honra.
Outra coisa que acho digno de nota é que foi durante este período que a Gata
Negra fez um acordo com o Rei do Crime e conseguiu seus poderes de causar azar em quem fosse atacá-la ( ok... nada original, mas poxa... que poder mais conveniente poderia ser dado a uma mulher que se veste de gato preto ? ) e isso não é mostrado, mas vemos as consequências disso, além de um momento de ciúmes muito legal. Além disso, tanta coisa acontecendo de fundo, numa cidade que passa por uma disputa no crime organizado, com um personagem que eu achava muito legal, que era o Rosa, além do Rei do Crime e Duende Macabro. Tanta coisa na cabeça e mais o problema com o uniforme. Classicamente uma aventura do nosso teioso, que já sabemos que desgraça nunca vem sozinha.
Então, vem a visita ao prédio do Quarteto Fantástico ( O grupo de Super-herois que eu acho mais digno e original do mundo Marvel ), e a descoberta do simbionte alienígena. CARA !!! Pense: não havia internet e não tinha onde ler spoilers de nada... aí, você vai na banca, compra a HQ e volta todo serelepe pra casa. Termina as tarefas da escola e deita na cama pra ler seu gibi e lá dentro, quando menos se espera, é revelado que após anos usando o uniforme negro, ele não é uniforme, é um alien predador, sugador de emoções, vivendo em simbiose com o pobre Peter Parker. Saca ? Imaginou isso ? Não era que nem hoje que quando acontece algo nas HQ´s tudo que é jornal e internet anunciam e você vai ler apenas pra constatar o que aconteceu e ver os detalhes. É, tipo... que nem você ver Guerra nas Estrelas em 1980 e descobrir que o Darth Vader é o pai do Luke Skywalker ! Tendeu ? Você pula da cadeira, cai da cama, solta um "Nãããããããããooooo acredito!". Pois é, rola uma emoção, que infelizmente, hoje com a internet e redes sociais, é muito dificil. E na boa, pode ser que você seja novinho e já tenha nascido após a internet dominar o mundo, e pode ser que não sabe como é legal ter surpresas assim na vida. Por isso que sou tão avesso a spoilers. Claro que a internet hoje em dia facilita muito a vida da gente... pra comprar revistas antigas e novas, pra especular o que presta e não presta, pra saber lançamentos e tudo o mais... na minha época, a gente só sabia ao chegar na banca, ou nas propagandas internas das próprias revistas. E, te juro, eram bons tempos pra se ler quadrinhos, talvez melhores do que hoje. ( Pronto, lá vou eu com nostalgia de novo... hehehe... desculpe, vou enxugar as lágrimas... ). Voltanto ao assunto:
Também é nesta edição que tem o clássico momento em que ele usa um
uniforme antigo do Quarteto Fantástico com um saco de papel na cabeça... e como se não bastasse, um papel que o Johnny Storm colou nas costas dele sem ele ver, escrito 'chute-me'. Hilário e inesquecível !
Depois a edição pula, vemos um dos momentos que está entre os meus prediletos, que é o passeio no Central Park do Peter com a MJ, logo depois que ela revela que sabe que ele é o Escalador de Paredes... aí, ela se abre e conta sua história. A arte de Ron Frenz nesta parte ( ASM 259 ) é uma das que eu mais me lembro quando fecho os olhos... adoro o movimento, os olhares, as pálpebras fechadas em que é possível sentir o pesar dos dois, as lembranças, a dor de lembrar pra compartilhar, o alívio dela ao final... Gosto muito deste tipo de arte, é uma imperfeição perfeita, sabe assim? Nossa, me emociono só em narrar isso. :) E no final da HQ nosso herói retoma o uniforme clássico pra nossa alegria e ainda mais pra enfrentar outro vilão muito bem feito, que é o Duente Macabro.
Depois, o uniforme ataca de novo, tenta retomar o Peter pra ele. Só que o Peter não quer mais nada e pra se livrar do simbionte, quase se mata. Ali acontece uma cena bonita, pois o uniforme salva sua vida de pois desaparece, dando a entender que não teríamos mais com que nos preocupar.
E só então aparece o Venom na páginas seguintes, no traço de um desenhista que eu particularmente não conhecia muito bem, e que depois acabei virando fã de carteirinha: Todd McFarlane. Acho que dispensa apresentações, né ? Só que nesta época ele era um iluste desconhecido que mudou o cabelo da Mary Jane e deixou ela gostosa linda bonita bem desenhada pra caramba ! Com um traço todo rabiscado e dando movimentos, expressões de olhos grandes, uma teia mais elaborada e posições de corpo bem aracnídeos pro Homem-Aranha, ele chegou arrebentando e deixando todo mundo de queixo caído. Cabe um fato curioso, que é o fato de que aquela língua gigante do Venom veio depois. No começo era só a boca com dentes brancos enormes, um sorriso de gelar o sangue e um jeito de se movimentar mais 'duro', desengonçado. 
Neste encadernado teremos 3 roteiristas que é Louise Simonson, David Michelinie e Tom deFalco, este último inclusive foi editor chefe na edição 300, que é de aniversário de 25 anos. Talvez pra garantir a linha de narrativa que ele iniciou láááá atrás. É muito perceptível a mudança de narrativa, do modo de escrever, mas o mais mágico é que mesmo assim, a linha que se segue na condução da história é a mesma, sem se perder. Nos desenhos temos o já citado Ron Frenz, Greg LaRocque e Todd McFarlane. Todos com seus estilos, e juro, não consigo dizer quem é melhor, porque é algo tão único e pessoal de cada desenhista que eu gosto demais de ver.
Bom, fico por aqui, acho que me extendi demais. Provavelmente me esqueci de citar algo, mas coloco depois nos comentários !
Se esta edição vale a pena ? CERTEZA ! Se é fã do Aranha e quer ler coisas boas e coesas dele, leia isso. O Aranha foi concebido pra aventuras pequenas... se colocar ele em coisas gigantes, ele fica perdido. Não foi feito pra um grupo, ele tem brilho próprio.

Que ele nunca vá pra um filme dos Vingadores !


Abraços do Quadrinheiro Véio !