domingo, 4 de maio de 2014

Demolidor - Diabo da Guarda

Estou de volta, amigos Quadrinheiros.
Perdoem a longa ausência.

Falar sobre o Demolidor é uma delícia pra mim. O homem sem medo se tornou um dos meus prediletos na minha infância/adolescência e era o grande motivo de eu ir as bancas todo mês buscar minha edição de Super Aventuras Marvel ( SAM pros íntimos ). Época de ouro, onde eu li, inclusive, a Queda de Murdock pela primeira vez e poucas coisas se comparam a esta saga até hoje. Porém devo dizer que "Diabo da Guarda" chega bem perto em termos de roteiro e fechamento. 
Sabem, sou grato a este blog não apenas pelos amigos que fiz e a oportunidade de dividir minha experiencia com HQ´s com as pessoas. Sou grato porque, desta vez, ela me fez ler uma HQ que ao começar eu achei que seria uma porcaria. Sério mesmo. Esta edição da Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel da Salvat reúne as edições 1 a 8 da série 2 do Demolidor, lançado originalmente ao final de 1998 nos EUA. E as duas primeiras partes eu achei muito chatas, não me prendeu e se não fosse pelo blog, eu acho que não teria continuado até o final. Mas é a partir da parte 3 que a coisa esquenta e começa a ficar mesmo muito boa. Eu diria que é muito intrigante, genialmente escrita pelo Kevin Smith

É possível notar que a saga caminha como um roteiro de cinema. O que não é problema algum, pelo contrário, é ótimo. Seria de se estranhar se um cineasta nerd como ele não o fizesse desta forma. Sempre gostei muito de todos os filmes do Smith. Como poucos, ele é um mestre em narrativa e sabe colocar muitas referências em tudo que faz. Em "Diabo da Guarda" é possível ver referências em todo canto. De Batman a Guerra nas Estrelas, estão todas lá, e mais de uma vez. É uma delícia. Fora que tenho a impressão que ele aparece em um quadrinho.... hehehehehe... e até o Stan Lee não poderia faltar, né ? Ah, em tempo, preste muita atenção quando o Tucão aparece. Acho sensacional a referência que parte dele. É discarado. Também gosto muito dos títulos dos capitulos. Criatividade monstruosamente mostrada pelo roteirista de Clerks e Procura-se Amy. ( Assistam os 5 filmes das Crônicas de New Jersey do diretor nerd, vale muito a pena. :p )


Outra coisa bacana são os vilões escolhidos. De longe, o melhor inimigo do Demolidor é o Mercenário. Acho ele muuuuito f#%@. Ele é mal, mal, mal, sem escrúpulo, sem lealdade, sem misericórdia e louco. Acho que sempre digo que adoro os insanos. O cara é bom demais, até os dentes ele usa como arma. Um mestre do arremesso digno de enfrentar o Matt.
Basicamente a trama é sobre uma mulher que aparece do nada e entrega um bebê ao Matt, dizendo que o pequenino é o salvador cristão que retornou para salvar o mundo e que ele deveria ser seu guardião. O título da novela gráfica vem daí. O Matt seria seu Anjo Diabo da Guarda. Desenrola-se todo um drama psicológico magistral em cima disso. E percebemos que é uma forma que foi encontrada de trazer o personagem ao que era na época da "Queda".

Não posso falar muito do enredo sem entregar a história ( então.... história ou estória, né ? Aprendi conversando com uns amigos no FB que o termo estória para designar contos caiu em desuso e hoje se usa história tanto pra fatos quanto pra contos... ), e nem muitas das imagens mais legais da publicação porque entregaria partes importantes, mas posso afirmar que é muito bem escrito e amarrado. Aliás a trama toda remete demais à saga de Frank Miller, porém sem se apoiar nela. Diabo da Guarda se sustenta sozinha, não se apoia, apenas referencia em muitas aventuras anteriores do demônio intrépido ou temerário ou audacioso ( Daredevil - ainda me pergunto de onde tiraram o nome Demolidor pro personagem, mas pegou legal aqui, né... ).Em se tratando de Demolidor, sempre tem muitos diálogos internos, pensamentos, condução de conflitos e é isso que o enriquece. Ele é esquentado e confuso, humano pacas e é esta a característica mais marcante, chamativa e apaixonante dele.



A impressão que eu tenho, é que a HQ busca retomar ao personagem a grandeza que ele tinha na época de "A Queda de Murdock", mas com classe, e um final que, sério, surpreende muito. Descobrir quem está por trás de tudo e como todo esta trama fechará é um prazer que não negarei a vocês, por isso não irei revelar nada aqui, leiam o livro. Vale a pena! Mesmo com a parte 8 sendo apenas um fechamento cheio de drama e autopiedade típica do Murdock, é bacana porque emociona e resgata o ser humano e o herói de colante vermelho.


Esta HQ entra a fundo na mente de Matt Murdock, explora seus relacionamentos, sua relação com as mulheres, com os amigos e com a sua própria fé. Ele é posto a prova e somos colocados a esta mesma prova junto com ele. Teve momentos que eu me emocionei, principalmente quando um personagem importante é morto ( não, não irei revelar quem é... ). Emocionei ao ponto de parar a leitura pra respirar em respeito.

Os traços de Joe Quesada são muito bons, ele consegue misturar os estilos mais antigos e clássicos com os modernos. É um desenhista que se atualizou e é possível ver isso. Adoro a forma como ele desenha os olhos femininos, principalmente da Viuva Negra.

Recomendo a leitura, mas não seja preguiçoso. A riqueza do Demolidor reside nos detalhes de seus pensamentos e diálogos internos e externos. Obra rica, que embora não tenha sido originalmente uma Graphic Novel, faz jus ao encadernado especial.

Abraços do Quadrinheiro Véio !







8 comentários:

  1. Eu concordo com grande parte do texto, menos sobre a parte sobre a arte de Quesada.
    Eu fico meio em dúvida se gosto ou não dos desenhos do Quesada nesta HQ, muitas vezes eu gosto (e algumas destas me lembram um pouco do traço do John Romita Jr., que também gosto bastante), mas outras vezes odeio alguns quadros, pois às vezes os traços ficam meio "toscos" ou cartunescos demais, ficando feios.
    Mas no geral adorei a história, não me arrependo de tê-la comprado. Também gostei muito da resenha, é difícil ver resenhas boas de quadrinhos no Brasil.

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    1. Agradeço muito as palavras, amigo !
      Também me lembrei do Romita em vários momentos, mas confesso que não percebi esta parte mais cartunesca que você falou. Até fui lá pra dar uma procurada no livro... hehehehe... mas respeito muito sua opinião !
      Abração !!!

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    2. concordo eu adoro e odeio o quesada,as vezes parece uma obra de arte e outras vezes parece uma caricatura.

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    3. As partes que eu quis dizer no meu comentário anterior (como anônimo, que pus por falta de atenção hehe) eram, por exemplo o rosto meio cartunesco de Nicholas Macabe ou o rosto de traços "toscos" Karen Page (que a deixam feia para mim)... E também em relação à Viúva Negra, pra mim o rosto dela ficou muito inocente...
      Mas para deixar claro, eu gosto (um pouco) da arte do Quesada em outras histórias, não como a de outros (pelos motivos que citei), mas chego a ter uma pequena afeição a ela.

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  2. Opa amigo!! Demorou hein?? rsrsrsrs
    Tai uma narrativa que me surpreendeu...principalmente pelo vilão!! Gostei muito!!!
    Em alguns momentos me lembrou "silêncio" do Batman, com suas reviravoltas...
    Só achei que a arte não acompanhou o nível do enredo...cartunesca demais para o Demolidor...e com excesso de cores não comuns ao personagem, mas fica evidente que a intenção era essa mesmo.
    Grande história, ficará ao lado de "A Queda de Murdock" e "Elektra Saga".

    Abraço,

    Vagner

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    1. Fala aí, Vagner !
      Obrigado pela sua presença constante em pela cobradinha de leve... hehehe... espero não ter mais esta ausência toda.
      Vou rever este lance da arte cartunesca... vixi... não percebi. Realmente a arte dele é bem instável, e não acho que chegue ao nível dos, pra mim, grandes desenhistas, como o Romita Jr, Jim Lee, Frank Miller, John Byrne e etc... Mas de modo geral, gostei também.
      Além destas duas que você citou, a mini em 5 edições "O homem sem medo", eu adoro e devo reler pra comentar em breve !
      Abraços !!

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  3. Boa resenha. Mas na minha opinião acho um história meio datada. Quando li em 2000 (Saudosa Marvel 2000 da Abril) achei um clássico instantâneo. Reli este encadernado da Salvat depois de muito tempo e não gostei muito.

    Kevin Smith criou um bom roteiro, mas exagera na verborragia em alguns momentos.
    Da mesma forma os desenhos do Quesada no geral são muito bons, principalmente o detalhamento dos cenários e ângulos usados na ação. Mas algumas expressões estão exageradas e com proporção muito errada, passando a impressão de desenho tosco.

    Talvez por eu já já saber do final da trama, perdi muito do prazer em ler esta história pois essas falhas ficaram muito evidentes e me tiraram da imersão na leitura.

    Algumas histórias proporcionam quase o mesmo prazer em ser relidas. Um bom exemplo são Os Supremos que reli recentemente com o mesmo prazer de quase 10 anos atrás.
    Infelizmente Diabo da Guarda não foi a mesma coisa.

    Grande abraço Quadrinheiro Véio e continua postado outras resenhas que são sempre muito boas.

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    1. Boa análise, Mental Design. E concordo com isso. Realmente deve ser meio chato ler duas vezes e, sim, tem muiito texto, tanto que se eu não insistisse, não teria ido até o final.
      Agradeço muito seu comentário !
      Abração !!

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