quarta-feira, 9 de abril de 2014

Caveira Vermelha: Encarnado

Olá, Quadrinheiros !

Não sou muito fã de publicações que visam humanizar alguns personagens, dar um passado crível em que uma pessoa, mesmo com escolhas fáceis, se torna um vilão muito mau. E é o que esta série encadernada tenta fazer. O ano é 1923 em Caveira Vermelha: Encarnado, e vemos o jovem Johann Shmidt com 9 anos, morando em um tipo de orfanato-reformatório em meio a uma revolução em que Adolf Hitler inicia seu processo rumo ao poder e a crise econômica afeta o país que perdeu a primeira guerra. Algo bem legal é que se passa bem antes de Capitão América ou qualquer outro herói. É toda centrada e direcionada ao protagonismo de Shmidt.


Acho que a primeira coisa a comentar a favor desta HQ é o fator histórico. Particularmente, eu adoro momentos históricos. Gosto quando uma HQ se localiza bem históricamente e faz a gente aprender um pouco sobre história mundial, principalmente as guerras. Tem muita coisa que eu não sabia, algumas informações bem legais sobre este período. Após o começo em 1923, a estória vai se desenrolando até 1934, que ao final vemos o jovem de 20 anos já ao lado de Hitler. 
São tantas referencias históricas que eles dedicam várias páginas no final do livro pra explicar as passagens reais que acontecem e são citadas durante a HQ. Pra quem curte as guerras mundiais, é um prato cheio. Claro que se considerarmos um jovem crescendo em meio a tudo isso, ele vive conflitos e tudo o mais, mas não acho que os vilões precisem se humanizar. No meu gosto pessoal, claro, prefiro vilões que são loucos e maus e pronto. Sem esta de mostrar que ele era humano, perdeu as coisas, se virou pro mal e de repente, PUM, vilão sem volta. A série mostra que ele tinha tendencia pro mal o tempo todo, claro. Mas com um fundo mais egoísta e de sobrevivencia pessoal do que de ser mau como costumamos ver o Caveira Vermelha Adulto. Tirando isso, todo o resto é muito legal, interessante e inteligente.
O roteiro é de Gerg Pak, que sabe gerar drama e nota-se um ritmo bem daquela época mesmo. Lugares pouco populosos, a noite ainda é vazia, tensão economica e diversos pontos que fundamentam a época. E o traço de Mirko Colak é bem artistico, embora não seja sombrio como se esperaria de uma estória de origem de um cara como o Red Skull. É um traço bem limpo se observarmos com atenção. Acho que seria bacana se ele fosse mais limpo no começo e até o final, fosse ficando mais sujo. Mas... quem sou eu pra achar qualquer coisa, né ? ( hehehe... ) O olhar do Caveira é bem caracteristico em alguns quadros, principalmente quando ele tem atos ruins. É possível sentir sua raiva. Aliás, percebo que o sentimento principal é a raiva. Já as cores estão bem desbotadas, dando um ar retrô. Acho que como o traço não é sombrio, a coloração de Matthew Wilson resolve um pouco, dando o ar mais dramático e escurecendo um pouco. Mas é um escurecer sem cores escuras, saca ? Tipo isso.
Não tenho muito mais a dizer sobre este encadernado, exceto que eu recomendo a leitura. Ela é intrigante, lenta e profunda. Eu diria até que os desenhos, olhares, movimentos falam tanto quando os diálogos. É possível mesmo você sentir emoções estranhas lendo, porque tem umas reviravoltas que são esperadas e inesperadas ao mesmo tempo. Leia sim, principalmente se você é fã da época destes 20 anos retratados nesta publicação, sob o olhar do Caveira Vermelha.


Abraços do Quadrinheiro Véio !






Nenhum comentário:

Postar um comentário